A confirmação de um novo poço de óleo leve no pós sal da Bacia de Campos reacendeu a corrida política entre os municípios produtores e limítrofes que dependem diretamente dos royalties para manter suas contas públicas. O anúncio foi feito pela Petrobras a partir do poço 4 BRSA 1403D RJS, perfurado no bloco Sudoeste de Tartaruga Verde, a 108 quilômetros da costa de Campos dos Goytacazes. A perfuração já foi concluída e os testes apontam óleo de excelente qualidade, reacendendo projeções de longevidade econômica para toda a rota do petróleo no Norte Fluminense.

A descoberta ocorre em um momento de forte pressão fiscal nas prefeituras da região, especialmente em Campos, Macaé, Quissamã, São João da Barra e Carapebus. Juntas, essas cidades sofrem os efeitos da queda no valor do barril em 2023 e 2024 e da oscilação constante na produção dos campos maduros. A perspectiva de uma nova frente exploratória fortalece politicamente os grupos que defendem a manutenção dos royalties como eixo estruturante da economia local.

Em Campos, onde o petróleo responde por cerca de 30 por cento das receitas diretas do orçamento e influencia outra parcela semelhante no cálculo do ICMS, a nova descoberta foi comemorada como sinal de que a Bacia de Campos ainda mantém protagonismo nacional. A avaliação é de economistas que acompanham a arrecadação municipal e apontam que o petróleo ainda terá papel decisivo nos próximos 50 anos na geração de empregos e receitas públicas do Norte Fluminense.

A perfuração concluída no pós sal reforça o entendimento de que a região deve ampliar sua estratégia de diversificação econômica. O debate político nas Câmaras Municipais e nas prefeituras tende a intensificar a disputa por projetos de logística, serviços e transição energética capazes de equilibrar o peso do petróleo nas contas públicas, principalmente em anos eleitorais.

Os gestores regionais também acompanham de perto os impactos futuros sobre o Fundo Especial do Petróleo e sobre os repasses da participação especial. Com o novo poço localizado dentro da área delimitada pelo IBGE para Campos, especialistas afirmam que a cidade pode se beneficiar de repasses adicionais quando houver confirmação de volume e viabilidade comercial.

A descoberta fortalece o discurso dos municípios que reivindicam investimentos federais e estaduais na infraestrutura regional da rota do petróleo. Prefeituras defendem mais atenção para rodovias, recuperação ambiental e expansão de áreas industriais, argumentando que as novas receitas devem servir para ampliar a produtividade e reduzir a dependência do barril.

A Bacia de Campos segue como um dos maiores polos petrolíferos do país, com cerca de 100 mil quilômetros quadrados entre o Espírito Santo e Arraial do Cabo. Mesmo com o avanço do pré sal, o pós sal fluminense mantém relevância estratégica e continua influenciando decisões políticas e econômicas em toda a região.

Fonte: ururau.com.br